quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Enfim, em casa....

Finalmente retornamos aos nossos lares! Chegamos em Recife, por volta das 02:30h de hoje (25/08/10), cansados e com saudades das nossas famílias e amigos. Graças a Deus, conseguimos cumprir com o nosso intuito de percorrer com sucesso o inesquecível Caminho da Fé, que nos sábios dizeres da Dona Ditinha, da Pousada N. Sra. das Candeias em Luminosa/MG,  distrito de Brasopolis/MG, define esse momento único em cinco pilares: 1. Encontrar-se consigo mesmo; 2. Encontrar com Deus; 3. Encontrar com a Natureza; 4. Encontrar com os irmãos e 5. Desapego aos bens materiais.
Quantas e quantas vezes esses dizeres foram revelados ao longo do Caminho. Foram muitas ao longo dos 425 kms percorridos, diariamente nos encontravamos conversando consigo mesmo, nos questionando de estar ali longe dos nossos compromissos, longe de nossas famílias, para quê!? O quê esses nove dias de percurso nos teria de positivo a oferecer? As respostas vão se revelando, em que poderíamos melhorar? Em qual momento teríamos falhado em nossas vidas até então? Quantas pessoas teríamos ofendido com nossos atos e palavras? São muito os questionamentos em que nos debatemos e nos questionamos diariamente.
Em quantas ocasiões nos apegamos a Deus, para nos dar força em superar os obstáculos, das subidas íngremes das várias serras em que temos de superar ao longo do Caminho, Serra da Fartura, Serra dos Lima, Serra do Pico do Gavião, Serra do Caçador, e a abissal Serra da Luminosa, já no final do Caminho. Oramos por várias vezes para que nos protegesse nas descidas mais inclinadas com terreno pedregoso e arenoso, para que a energia se renovasse rapidamente no dia seguinte nos permitindo seguir de forma corajosa na jornada. Agradecemos a Deus, pela nossa proteção e até pela integridade dos nossos equipamentos e da companheira bicicleta, apelidada de forma carinhosa por ser dourada, a loira  "Lady Gaga". Era impressionante como íamos dormir extenuados e no pedal do dia seguinte nos sentíamos mais fortes e dispostos que no dia anterior.
"Encontrar com os irmãos", sim, em incontáveis vezes nos encontramos com eles, com D. Maria, no Santuário do Desterro em Casa Branca/SP. Lembro ainda que apesar de não ter sido possivel pessoalmente nos rever, mas podemos provar do saboroso creme de café gelado da D. Ivete, que gentilmente deixou um pote cheio com sua saborosa  iguaria para nos deleitar. Quem não retém no coração a simplicidade, o carinho e a alegria que a família do Seu Chiquinho e Dona Cidinha, acompanhados do seu filho Júnior e nora Janaína, nos ofertam sem tamanho, isto lá na sua pousada, como recompensa em vencer a primeira grande serra, a Serra da Fartura. A simpatia da Zeti, em Crisólia/MG, o ícone Maurão, em Incofidentes/MG, a inocência e simplicidade dos garotos daquele interior que não existe mais, Caio e Cauê, da pousada do Tio João, em Barra/MG, e por fim as sábias palavras e orações recebidas dessa senhora que ainda não tinha ouvido falar dela, que dá para pensar que ela teria de se revelar somente quando lá estivessemos, a singular dona Ditinha em Luminosa, que mulher!!! Nossos novos amigos cicloturistas dos Zuandeiros de Aracajú/SE, Omar, João de Deus, Gilton e a figuraça Boblitz!!. Agora, um parentêses aos nossos "anjos", Glauco "Mano Véi" e Cezár, o "Celso", de Valinhos/SP, que pessoas!! Quanta solidariedade e presteza, que Deus os abençoe e proteja suas famílias.
Encontrar com a Natureza, sim, também podemos ter contato direto com ela, seja através das belas imagens de suas serras, das árvores imponentes, das flores com seus cheiros e suas cores vivas, dos animais silvestres, através do vôo do tucano, da imponente figura do gavião, do canto em forma de coral dos canários celebrando a alegria de sua liberdade, das frutas naturais e saborosas que o Caminho nos oferta para repor nossas energias, da água, um dos elementos básicos da natureza, encontrada ao longo do Caminho através das fontes naturais e das ofertadas pelas famílias que colaboram com o Caminho, tudo sem preço, apenas em nome de orações em favor de suas famílias quando da chegada em Aparecida.
"Desapego aos bens materiais", todos os dias pensamos em deixar em cada parada, algo que trouxemos e observamos que não nos será útil, que apenas estamos carregadando objetos ou roupas que servem apenas para aumentar a carga a ser transportada por entre as serras. E no dia de vencer a "escalada" da Serra da Luminosa, aí sim percebemos que até um cabo de uma escova de dente faz diferença!
Por fim, quero deixar de público o meu agradecimento a minha esposa, Carina, que nesses dias conseguiu administrar a rotina do nosso lar, de forma perfeita, ao meu pai Paulo e Cleonice, em nos ajudar com a pequena Isabel, e mais por fim ainda, dar meus parabéns ao companheiro de jornada, Duda Cordeiro, que de forma brava, corajosa, e tenaz, conseguiu completar o percurso mesmo sem estar na melhor forma fisica, de estar em um momento delicado nos negócios da família, ainda assim conseguiu se concentrar e entender o sentido do Caminho da Fé. E finalmente, obrigado, ao interesse e atenção demonstrado pelos companheiros de Pedal. Valeu!!
Júnior, Janaína, D. Cidinha, Seu Chiquinho, Glauco "Mano Véi" e eu, Avatar.






A beleza do Caminho
A imponência de um jequitibá
Elas, em seu quadrado
O começo da Serra dos Lima

Duda Cordeiro e Vladimir, peregrino caminhante















3 comentários:

  1. Caros amigos, estamos aqui felizes e comovidos com tantas belas palavras, puro reflexo da sensação única de quem viveu a grande experiência que é o Caminho. Parabéns pelos aprendizados. Só quem realiza o Caminho aprende seus ensinamentos.
    Forte abraço dos amigos
    Olinto e Rafaela

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  2. Paulo, tudo bem? É o Mario, de Recife, que fez o CF uns dias antes que voces. Nao deu para ler o blog ainda, pois estou no celular, mas ja vi que o blog está show de bola. Dá uma olhada no meu relato la no pedal,com.br, na seção de cicloturismo do forum e entra em contato por lá! =) Abraço e parabens pela aventura, Mario

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  3. Grande Paulo(ao pé da letra) parabéns pelo blog e pela grandeza de suas palavras. Amigo de viagem, só digo uma coisa: não somos anjos, apenas amigos que o destino quis que se cruzassem.
    Grande abraço e até a próxima.
    Cezar

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Qual a cicloviagem que você nunca deixaria de fazer?