sexta-feira, 21 de outubro de 2011

cicloturismo - preparação física

Artigo extraído do site da revista Bicicleta e postado pelo Cicloturista profissional Antonio Olinto.

"O verão é tido como a melhor época de férias em nosso país, entretanto, conforme o destino escolhido, o inverno pode ser a melhor estação, tendo em vista que em grande parte de nosso país as chuvas são menos frequentes. Em todo sul de Minas e Mantiqueira o clima fica simplesmente perfeito, com céu azul durante o dia e noites frias e aconchegantes para dormir.
As férias de julho estão longe, mas se quiser fazer uma bela viagem pela Mantiqueira, Estrada Real ou Caminho da Fé, por exemplo, o melhor é começar a treinar hoje mesmo.
Não acho recomendável, mas sei que é possível começar uma viagem de bicicleta com pouco treino e adquirir condicionamento na própria viagem. Neste caso, você terá que dispor de muito mais tempo para fazer paradas de descanso e recuperação a cada etapa pedalada, correndo o risco de sofrer lesões que comprometam a viagem.
Com a falta de tempo para uma recuperação efetiva na própria viagem, é imperativo que o cicloturista faça um forte treinamento prévio e, mesmo assim, saiba que não há treinamento que se equipare a uma viagem de verdade. Na viagem, o cicloturista enfrenta inúmeras variantes imprevisíveis como chuva, frio, relevo e acidentes de percurso que podem atrasar o horário das refeições, do banho ou do sono.
Mesmo que você não possua muita força ou resistência (grupo em que me enquadro) ou que não esteja muito treinado, poderá aprender a utilizar a paciência, a persistência e a disciplina como aliadas.
Em uma viagem de bicicleta geralmente não se buscam recordes, tampouco grandes velocidades, mas sim aprendizado, conhecimento, vivências e lazer. Por isto o condicionamento necessita ser bom o bastante para evitar que as dores e a estafa muscular absorvam o deleite.

Não é necessário treinar velocidade, mas constância. Constância no ritmo de 70 pedaladas por minuto, em subidas ou descidas, e constância na frequência das saídas para treino.

De forma geral, aconselho como treinamento mínimo uma hora por dia e alguns testes nos finais de semana, onde o cicloturista deve pedalar quantas horas possa suportar - cinco, seis, sete ou mais, para ter uma ideia de como e em quanto tempo poderá vencer cada etapa do caminho. Dores nos músculos são naturais, entretanto cuidado para não gerar lesões, aguarde a recuperação e volte aos treinos. Se as dores persistirem, consulte um especialista.

Pedalar ao menos uma hora por dia sob quaisquer condições climáticas gera um ingrediente fundamental no viajante: a resistência, que é vital em todos os tipos de viagem de bicicleta. Ela nos dá a coragem e disposição de prosseguir a viagem mesmo que, nas primeiras horas do dia, o clima esteja péssimo ou que nos sintamos esgotados após o terceiro ou quarto dia de viagem, quando a primeira empolgação já se foi.

É importante descansar antes ou depois de fazer um teste de final de semana. Geralmente o bom condicionamento físico só chega após uns três meses de treino sério. Por isso planeje com antecedência suas viagens.

Desde o início do treinamento é imprescindível que a bicicleta seja equipada com um ciclocomputador devidamente aferido, para que o cicloturista

possa acompanhar a sua evolução física. Conforme minha experiência e a média das pessoas que encontrei pelo mundo viajando de bicicleta, um bom teste é conseguir fazer 100 km em um único dia (para homens e mulheres). Caso consiga realizar esta distância sem sofrer um desgaste sobre-humano, o cicloturista já pode se considerar diplomado para viajar para qualquer lugar do mundo com sua bicicleta. Claro, conforme o roteiro nem é preciso tanto, por exemplo, a maior etapa do Caminho da Fé é de trinta e poucos quilômetros, acredito que um cicloturista que consiga pedalar por 70 km já é capaz de vencer esta etapa.

Para mim, pedalar é um exercício tão natural como caminhar; em 1992 era um sedentário total e em um ano estava viajando o mundo de bicicleta, me exercitando por seis, sete, oito horas por dia - o mesmo que um atleta olímpico. Nunca tive lesões pois nunca forcei demasiadamente, meu intuito sempre foi o deleite.

Na volta ao mundo de bicicleta nunca fazia alongamentos, afinal pedalava oito horas por dia e caminhava menos de uma, seria mais recomendável alongar para caminhar que alongar para pedalar. Meu alongamento sempre foi de forma natural enquanto realizava tarefas simples como fazer comida, montar e desmontar acampamento, afinal não tinha as facilidades de uma cadeira ou cama. Hoje percebo que sempre que faço alongamentos a recuperação dos músculos é muito melhor.

Finalmente, mesmo que não tenha planos de viagem ou que nem goste de bicicleta e está lendo esta matéria enquanto espera sua hora no dentista, lembre-se que o corpo do ser humano é de um caçador - coletor, feito para caminhar o dia todo em busca de alimentos. As facilidades da vida moderna têm alterado de forma radical esta rotina com graves consequências, e acredito que de alguma forma cada um de nós deve encontrar soluções para reequilibrar esta situação. Talvez pedalar uma hora por dia só estará compensando o sedentarismo, então tente ao menos trocar circuitos de carro pela bicicleta, o elevador pela escada, o ônibus pela caminhada e sentirá a resposta imediata: seu corpo funcionará melhor de forma geral e terá muito mais disposição.


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